domingo, 18 de dezembro de 2016

O pai de Xango

Quando Ogum fez a guerra contra Ogotum, ele trouxe sete mulheres. Uma destas escravas, Lakangê, era tão bonita que ele a escondeu para si, amando-a secretamente. Mas alguns falsos amigos apressaram-se em denunciá-lo ao seu pai, Odudua, que ficou furioso e mandou chamar Ogum e falou-lhe, gritando:
"Que atrevimento!
Você traz-me seis mulheres, verdadeiras feiúras e segundo disseram-me, você deixou para si a mais bela, que parece ser uma jóia delicada.
Ah! Os jovens não têm mais respeito nem consideração por seus pais! Onde vamos chegar com tanta insolência e desrespeito?
Ogum, traga-me esta mulher sem mais um minuto de demora!"
Ogum assustado com a cólera de seu pai, não ousou confessar o que se passava entre ele e Lakangê. Com a morte na alma, ele entregou sua bela mulher a Odudua.
Este, encantado, fez dela sua companheira predileta. Nove meses mais tarde, Lakangê teve um filho. Para grande surpresa de todos, o corpo do recém-nascido tinha a originalidade de ser metade preto, metade branco. Metade preto à direita, pois a pele de Ogum era muito escura e metade branco à esquerda, pois a pele de Odudua era muito clara. Odudua confuso, baixou a
cabeça e nada soube dizer.
Mais tarde esta criança tomou-se um guerreiro famoso. Homem valente à direita homem valente à esquerda. Homem valente em casa, homem valente na guerra. Ele foi o fundador do reino de Oyó e o pai de Xangô.

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